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Cristão, protestante e evangélico são palavras usadas para designar pessoas que aceitam e confessam a fé na doutrina cristã. Contudo, ‘cristão’ é um termo mais abrangente e engloba diferentes ramos do cristianismo, enquanto que ‘protestante’ e ‘evangélico’ dão nome a uma parcela específica de cristãos dentro da cristandade.

De modo geral, esses segmentos possuem pontos em comum, e o mais central deles é terem fé no Filho unigênito de Deus, o Senhor Jesus Cristo, totalmente Deus e totalmente Homem, que veio à terra trazer salvação e perdão dos pecados. Creem também na Bíblia Sagrada, como sendo a Palavra de Deus e única regra de fé e prática.

Mas, apesar de em alguns contextos esses termos serem considerados como sinônimos, em outros isso não acontece. Por exemplo, protestantes e evangélicos são cristãos, mas nem todos cristãos são evangélicos e protestantes. Confuso? Entenda porquê…

O termo ‘cristão’ é mais abrangente e engloba grupos diferentes que confessam a fé em Jesus Cristo. Já ‘evangélicos’ e ‘protestantes’ designam uma parcela cristã com características doutrinárias específicas dentro do grupo maior que compreende os cristãos. Os diferentes grupos cristãos atuais nasceram em contextos históricos diferentes, daí apresentarem singularidades doutrinárias que os distinguem uns dos outros.

Isso também significa que nem todos os cristãos subscrevem aos pontos centrais do Cristianismo, no que diz respeito à fé no Evangelho e à prática da vida cristã. Em alguns aspectos, podem ser completamente divergentes. Por isso, vale a pena diferenciar cada um dos termos, levando-se em conta a sua origem e o contexto histórico até os dias atuais. Veja:

Cristão

Sendo fiel ao sentido original da palavra, ‘cristãos’ são todos aqueles que são discípulos de Jesus Cristo. A palavra “cristãos” aparece pela primeira vez em Atos 11:26 designando todos os crentes em Jesus, que recebiam os ensinamentos dos apóstolos.

Os crentes que, rejeitando a idolatria, se convertiam à fé em Jesus Cristo, aceitando-o como seu único e suficiente Salvador pessoal e aos ensinos bíblicos como a verdade tornavam-se ‘Cristãos’. Essas pessoas, compreendiam a mensagem do Evangelho e aceitavam a graça de Deus, através da obra de Jesus Cristo. Em resposta, passavam a praticar os Seus ensinamentos, tendo a Bíblia como sua base de fé e prática. Muitos desses cristãos foram perseguidos e até mortos por viverem convictos da fé cristã.

Contudo, com o passar dos tempos, a palavra “cristão” teve o seu sentido inicial esvaziado. Em 380 d.C., o Cristianismo passou de perseguido à religião do Estado, no Império Romano. Todos os povos que eram incorporados a Roma tornavam-se ‘cristãos’. Assim, muitos foram assimilados ao cristianismo, sem passar pelo processo de conversão, desconhecendo a Bíblia e sem professar a fé em Cristo.

Atualmente, pode-se dizer que o Cristianismo é formado por diferentes grupos: Católicos romanos, Ortodoxos, Protestantes, Judeus Messiânicos e outros. Dentro dessas denominações há quem expresse o verdadeiro sentido de ser “cristão”, como discípulo de Jesus Cristo. Mas, infelizmente, há também muitos que não assumem um real compromisso com a fé cristã, sendo somente simpatizantes, “cristãos nominais” ou não praticantes.

Protestante

O termo “Protestante” originou-se no século XVI, a partir da Reforma Protestante. Este movimento de contestação tentou “reformar” internamente a igreja Católica Apostólica Romana. Martinho Lutero, João Calvino e Zuinglio são alguns dos nomes principais associados ao movimento reformista.

O marco da Reforma ocorreu em 31 de outubro de 1517, quando Lutero pregou as 95 teses na porta da igreja de Wittemberg, Alemanha. Porém, muito antes, precursores como John Wycliff e Jan Huss já haviam iniciado protestos contra os erros e contradições doutrinárias da igreja Católica. Ambos intencionavam que a igreja retomasse à fidelidade bíblica, mas foram considerados hereges pela igreja.

Veja aqui o que são as 95 teses pregadas por Lutero

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O ideal reformista sempre foi que a igreja retornasse à simplicidade e à verdade da fé em Cristo. Os reformadores reconheceram na Bíblia doutrinas fundamentais da fé cristã que eram negligenciados ou deturpados pela igreja.

Alguns abusos foram expostos à luz do Evangelho. Práticas bastante comuns como: a venda de indulgências, a busca excessiva por riquezas (luxo e ostentação), a salvação por “boas obras” e a supervaloração da tradição e do magistério (poder papal e alto clero) foram considerados como falsas doutrinas.

As práticas adotadas pela igreja romana negavam basicamente duas doutrinas bíblicas fundamentais: a Justificação somente pela fé em Cristo e a autoridade máxima das Escrituras Sagradas.

A igreja romana abriu sérias brechas para a entrada de falsos ensinos e dogmas, quando condicionou a salvação a outros meios, além de Cristo e considerou a tradição e o papado ao mesmo nível da Bíblia. Infelizmente, até hoje a igreja Católica não se retratou em relação a esses princípios do cristianismo.

Os ideais teológicos da Reforma chamaram a atenção para esses e outros princípios bíblicos que ficaram conhecidos posteriormente como os “5 Solas“:

  • Sola Fide (somente a fé) – Justificação somente pela fé em Jesus Cristo.
  • Sola Scriptura (somente a Escritura) – A Bíblia é autoridade máxima, única regra de fé e prática da igreja.
  • Solo Christus (somente Cristo) – A mediação entre Deus e os homens é feita somente através de Jesus Cristo.
  • Sola Gratia (somente a graça) – A salvação é concedida somente pela graça de Deus.
  • Soli Deo Gloria (glória somente a Deus) – Toda honra e toda glória pertencem a Deus. Fomos criados para glorificá-lo.

Esses pilares da fé protestante distinguem-na dos demais cristãos que consideram que precisam cooperar, de alguma forma, para receber a salvação. Isso não é certo de acordo com a Bíblia:

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.

Efésios 2:8-9

Leia mais sobre a Reforma Protestante e como surgiu o Protestantismo

Evangélico

Evangélicos são cristãos protestantes que professam a fé no Evangelho de Cristo, nos moldes bíblicos da fé reformada. Confessam a salvação pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo. Embora tenha tido suas raízes na Reforma Protestante, não há muito consenso acerca das definições, distinções ou do surgimento exato do Evangelicalismo.

No entanto, o termo ‘evangélico’ nasce da crença na plenitude da mensagem do Evangelho (João 3:16), que deve ser divulgada (evangelizada) a todo mundo (Marcos 16:15).

A partir da recuperação do entendimento bíblico de doutrinas fundamentais do Novo Testamento, a tradição evangélica compreendeu que a Bíblia, sendo infalível, inerrante e suficiente, deveria ser anunciada a todo mundo. Esse foi um dos grandes objetivos da Reforma Protestante, que a Bíblia fosse lida e compreendida por todos fiéis.

O Evangelicalismo nasce com esse ideal de evangelização, como Jesus instruiu. Ao conhecer o Evangelho, puro e simples, o cristão evangélico passa também a propagar a graça salvadora, pelos méritos de Jesus. As Boas Novas de salvação “recuperadas” pela Reforma devem ser ensinadas a mais pessoas.

O processo de evangelização contou com uma benesse de seu tempo: a invenção da imprensa, por Gutenberg. Através dessa tecnologia, a Bíblia, que foi o primeiro livro impresso no mundo, tornou-se mais acessível aos povos. As Escrituras que eram de difícil circulação (manuscritas, restritas ao clero e lidas em latim), passaram a ser traduzidas para outras línguas, impressas e aproximadas do povo comum.

O avanço da evangelização na Europa do século XVI foi fundamental para a propagação da Verdade, naquele e noutros continentes. Além de aproximar os cristãos do conhecimento de Deus, trouxe também outros benefícios sociais, como a alfabetização de cidadãos comuns, a partir da leitura da Bíblia.

Fonte