Glutonaria significa comer demais ou excessivamente. É uma atitude de descontrole ou vício pela comida que pode ser vencido através da fé em Jesus e pelo conhecimento da Palavra de Deus. O ato de comer descontroladamente é um pecado que deve ser confessado e deixado pelo cristão que toma consciência da sua condição.
Faça uma autoanálise e descubra se esse é um problema para você. Através deste estudo você compreenderá melhor esse vício para conseguir evitá-lo e vencê-lo, de uma vez por todas, através da Bíblia Sagrada.
Glutonaria: quando a alimentação se torna pecado?
O ato de comer se torna em vício quando ultrapassa o limite da “normalidade”, gerando um desejo exagerado pela comida. Os alimentos são bons e foram feitos por Deus para suprir às necessidades fundamentais do homem. Mas quando fazemos da comida um tipo de prazer desmedido, ela se torna glutonaria.
Veja a seguir algumas características típicas de formas de alimentar irregulares ou desregradas:
- Quando comer mais que o necessário passa a ser uma rotina
- Servir-se avidamente, sempre antes dos outros, não pensando em quem fica a seguir
- Quando se está sempre pensado em comida ou “beliscando” alguma coisa o tempo todo
- Comer escondido – por sentimento de culpa ou para não ter que dividir com outros, para não “perder” a comida
- Quando se tem uma atitude egoísta, não se lembrando que os outros também necessitam de se alimentar
- Comer para “descarregar” a ansiedade ou chateações do dia a dia
- Quem busca comer todo tipo de comidas finas, exóticas ou requintadas, pelo prazer de ostentar tal hábito
- A comida é sempre uma prioridade no dia
Além dessas, há outras formas de refletir sobre a alimentação. Pense sinceramente se a comida tem se tornado um conforto diário para você. Lembre-se, não é errado gostar de se alimentar nem querer comer boa comida. Deus fez-nos com essa necessidade e deu-nos o paladar para desfrutarmos dos diferentes sabores e alimentos que Ele fez. A alimentação é uma benção quando a fazemos para a glória de Deus. O problema é quando fazemos o MAL com o bem que Deus nos dá.
Tentando preencher o vazio com comida?
Sempre que não buscamos a satisfação plena em Deus, todos os outros recursos: comida, bebida, drogas, prazeres, dinheiro, sexo, etc, passam a governar o nosso modo de ser e agir. Eles tornam-se aliciantes, dando a falsa sensação de preenchimento. Esses pecados de estimação passam a controlar atitudes e comportamentos, sem que sejam notados. Disfarçados de coisas boas, ou assumindo o lugar daquele “agrado” merecido, eles passam a fazer parte das nossas vidas.
Comer demais, isso é um problema?
Sim, isso reforça uma tendência natural de extravasar, compensar-se e buscar preenchimento. Há pessoas que comem como se não houvesse amanhã. Em encontros, jantares e confraternizações, muitos tratam com ar de brincadeira esse mau hábito, mas sempre um ou outro são destacados negativamente por comerem muito. Contudo, mais do que um problema de “bom senso” ou educação, muitos cristãos têm dado mal testemunho no modo com que se relacionam com a comida.
Infelizmente, para muitos não se trata de um excesso acidental, mas de um costume recorrente de comer com exagero. Podemos enumerar diversas causas para o crescimentos de “gulosos” no mundo todo. Nas últimas décadas vemos:
- o crescimento dos meios de produção agrícolas e expansão da indústria alimentícia
- propagandas de incentivo ao consumismo de alimentos
- uma maior facilidade e melhor acesso à comida
Se por um lado, esses aspectos tem beneficiado a muitos (acesso por países mais pobres, p.ex.), por outro, tem sido um incentivo para que mais pessoas ingressem no exagero. Consequentemente, começamos a desenvolver uma relação nada sadia com a comida, fazendo dela o nosso meio de satisfação principal. Isso além de se tornar uma mania doentia (obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e outros) é também um modo de pecado.
Gula – Pecadinho de Estimação?
Se pudessem ser listados os pecados “preferidos” entre os cristãos, muito provavelmente a glutonaria seria um dos principais. Embora seja ignorado por muitos como pecado, sabemos que nenhum tipo de descontrole ou excesso agrada a Deus. Para muitos, a glutonaria é um “pecadinho” aceito, disfarçado e estimado diariamente.
Os alcoólatras ou dependentes químicos são claramente vistos como carentes da graça de Deus e necessitam ser libertos dos seus vícios. Mas, e o pecado da devoção à comida? Será que não necessita de ser eliminado? Infelizmente, muitos escondem-no fielmente nos seus esconderijos, longe dos olhos dos outros, mas não dos de Deus.
Vícios “aceitáveis” como o da gula (até do café ou refrigerantes, p. ex.) entram de mansinho em nossa vida. Não nos importamos, pois são desejos pequenos e agradáveis, que vão se acomodando e estimulando a nossa rotina, tornando-se hábitos. Esses, tornam-se vícios quando perdemos o controle e cometemos exageros constantemente.
Glutonaria, Egoísmo e Idolatria – ingredientes de um mesmo prato…
O glutão, i.é, aquele que comete a glutonaria, é uma pessoa que tem um ídolo pessoal: a comida. Ele pensa em si mesmo de forma egoísta e alimenta-se de forma extraordinária, não se importando com os problemas causados pelos seus excessos. Mais que problemas físicos e sociais, há um problema espiritual associado ao mau hábito da gula. Trata-se um prazer carnal que não vem isolado. Na Bíblia, o excesso da alimentação está sempre relacionado ao problema dos desejos carnais (Gálatas 5:19-21).
Deus X ídolos do coração
A ambição, o egoísmo, a ganância e a libertinagem são males do coração e estão diretamente relacionados à glutonaria. Além desses, a idolatria é outro grave pecado também associado à gula. Isso se dá porque a comida passa a exercer tal controle, domínio e satisfação sobre o glutão que ele passa a adorá-la, literalmente. Deus e a Sua Palavra passam a ficar em segundo plano.
A cobiça pelas coisas secundárias da vida cria um altar para pequenos ídolos em nossa vida. Esses prazeres tomam o primeiro lugar no dia, nos sonhos, no tempo, pensamentos, recursos, vontade, gratificação, enfim, em tudo.
O apóstolo Paulo alertou sobre o perigo da idolatria, usando o exemplo do povo de Israel no deserto:
Essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram.
Não sejam idólatras, como alguns deles foram, conforme está escrito: “O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra”.
1 Coríntios 10:6-7
O povo de Deus cometeu pecado de adorar outros deuses e entregou-se aos prazeres da carne (comida, bebida, sensualidade e prostituição) – Confira em Êxodo 32:6, Deuteronômio 9:16, Números 25:1-2
O seu deus é a barriga?
Se pensa somente em si e no prazer que pode extrair das coisas desse mundo, incorrerá no risco de adotar um estilo de vida fútil e egoísta, onde o seu ego é o seu próprio deus.
Buscamos saciar a vontade do nosso “ídolo” interno quando:
- contrariamos o equilíbrio e domínio próprio (Gálatas 5:22-23)
- buscamos uma falsa sensação de segurança carnal (Lucas 12:19)
- o prazer mundano nos contenta e satisfaz (Isaías 22:13)
Assim, passamos a viver como os inimigos de Cristo, olhando para o nosso próprio “umbigo”. Paulo de novo alerta-nos enfaticamente:
Pois, como já disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o seu deus é o estômago, e eles têm orgulho do que é vergonhoso; só pensam nas coisas terrenas.
Filipenses 3: 18-19
Glutonaria na Bíblia
No Antigo e Novo Testamento vemos algumas histórias que envolvem a comida e algum tipo de problema.
- Esaú – O caso de Esaú e Jacó ilustram uma dessas situações. Esses irmãos gêmeos passaram por um drama familiar, envolvendo a fome e a vontade de comer. Por causa da ânsia pela comida, Esaú desprezou os benefícios da primogenitura (um direito familiar concedido aos primeiros filhos) inclusive a benção do legado deixado pelo pai. Jacó aproveitou a oportunidade e trocou isso tudo por simples prato de lentilhas. O irmão esfomeado, vendeu o direito de filho mais velho por um mísero prato de comida.
- Israel – Muitas vezes o povo de Deus entristeceu-O por causa do pecado. Quando Israel saiu liberto do Egito seguiu pelo deserto mais tempo do que o necessário, pois a murmuração, ingratidão e idolatria faziam parte de seu estilo de vida. Numa ocasião, o estômago também falou mais alto. Várias pessoas reclamavam desejando comer as comidas do seu tempo de escravidão no Egito (Números 11:4-6). Desprezaram o maná, o alimento enviado por Deus diariamente para seu sustento, e queixavam-se pedindo carne (Números 11:18-20).
Por isso o lugar foi chamado Quibrote-Hataavá (em hebraico significa: “covas de avidez”) , porque ali foram enterrados os que tinham sido dominados pela gula.
Números 11:34
- Filhos de Eli – Outro mau exemplo envolvendo a comida, vemos na atitude dos filhos do profeta Eli. Os sacerdotes, de acordo com a lei e os costumes em Israel tinham direito de receber parte da oferta de sacrifícios que o povo consagrava no templo. Contudo, Hofni e Finéias desprezavam a Deus e as ofertas dedicadas, pois retiravam à força a carne antes que ela fosse consagrada – antes da gordura ser queimada (1 Samuel 2:12-17). O seu deus era o próprio estômago, eles eram incontroláveis no seu carácter corrupto com a gula, prostituição e desobediência (1 Samuel 2:22-25). Conforme anunciado por Deus, tiveram um triste fim.
- Rei Belsazar – Este rei babilônico deu um grande banquete a mais de mil convidados (Daniel 5:1-3). Em festas pagãs como essa, era comum esbanjarem em muita comida e finas iguarias regadas com muita bebida, imoralidade sexual e idolatria. Foi provavelmente o que aconteceu nesta festa, mas além disso, o altivo rei mandou trazer os utensílios do templo de Deus. Beberam neles e louvaram seus deuses, desprezando ao Senhor, por meio daqueles objetos consagrados em meio à sua libertinagem. Apareceu, então, uma mão escrevendo na parede: Mene, Mene, Tequel e Parsim. Daniel interpretou, era o veredicto dado por Deus: o império seria dividido e o reino seria dado aos medos e persas. Naquela mesma noite Belsazar foi morto (Daniel 5:23, Daniel 5:30-31).
- Os coríntios e a ceia do Senhor – Paulo precisou advertir a igreja de Corinto acerca da forma errada de participar da Santa Ceia. Naquele tempo, provavelmente, as celebrações da Ceia eram realizadas com refeições completas, trazidas pela congregação. Mas, enquanto uns se apressavam para comer o que tinham trazido, sem partilhar, outros que não tinham, ficavam com fome (1 Coríntios 11:20-22). Paulo explicou o fundamento da Santa Ceia e mostrou que os irmãos devem agir com cortesia e sabedoria (1 Coríntios 11:31-34).
- Jesus Cristo foi falsamente acusado de glutão (Mateus 11:18-19). Muitos religiosos da época de Jesus apelaram para a calúnia. Desprezavam a Jesus e por isso queriam difamar o seu ministério, caluniando-o como “comilão e beberrão”. Eles O odiavam pela Verdade que anunciava (pois confrontava seu legalismo e hipocrisia) e pelo amor que demonstrava, se importando com pecadores e cobradores de impostos. Mas não era a primeira vez que desabonaram ao Senhor (Lucas 23:2), tentavam dizer mentiras ao seu respeito, que Ele se corrompia com os que estavam a sua volta mas Jesus, incorruptível, era a cura para os que estavam doentes (Lucas 5:31). Todos sabiam a realidade de Jesus, pois o seu verdadeiro caráter se comprovava pelas suas ações.
Como vencer a glutonaria?
Avalie-se! Você precisa ser honesto com Deus e consigo mesmo… Será que você tem um desejo descontrolado pela comida, mesmo depois de já estar alimentado? Talvez seja preciso reconhecer que algo não está bem. Pode ser que haja um “bichinho de estimação” secreto, sendo alimentado e crescendo, mas que precisa ser extinto (Colossenses 3:5). Comer demais, assim como outras dependências (o celular, por exemplo), exerce controle e tem se tornado um vício para muitos cristãos.
O que fazer, então?
Se agora tomou consciência que tem problemas com a alimentação, e que pode estar pecando nessa área, você precisa tomar uma atitude que implica em 3 passos simples:
- Arrependa-se – reconheça humildemente que tem falhado nessa área
- Confesse – ore e peça perdão ao Senhor
- Abandone – deixe a prática deste pecado e peça a Deus que o ajude a vencer a tentação do exagero
Lembre-se: Comer não é pecado! O erro está no exagero e nos impulsos descontrolados.
Procure ajuda médica se necessário e faça um check-up! Há alterações hormonais ou estados psicológicos que também afetam o apetite, gerando distúrbios alimentares. Acompanhe sua saúde regularmente.
Faça uma auto-análise e tente identificar o problema interiormente. É natural que, à primeira vista, não consigamos enxergar nossos pequenos problemas. Notamos e reagimos melhor perante grandes montanhas e não diante de pequenas pedras. Mas são nessas “pedrinhas” que tropeçamos constantemente.
Assuma o erro e busque o equilíbrio em Deus. Quando as coisas não estão bem, precisamos nos voltar com fé para Jesus e para a Sua Palavra.
A Bíblia tem todas as respostas que precisa para saber como agir melhor. Jesus disse que não viveríamos somente de pão, mas da Palavra de Deus (Mateus 4:4). Confira algumas dicas que encontramos lá:
- Coloque Deus como o primeiro na sua vida – (Mateus 6:32-33)
- Peça que Ele te governe e controle seus impulsos (Salmos 51:10)
- Não dê ouvidos ao tentador (Tiago 4:7)
- Ore contra a tentação (Mateus 6:13)
- Não se coloque sob a mira da sua dificuldade (Efésios 4:27)
- Limite-se perante a mesa (Provérbios 23:2)
- Mantenha uma relação saudável com a comida, não permita que ela te domine, domine-a! (Mateus 5:29)
- Confira o bom exemplo de Daniel e seus amigos (Daniel 1:8)
- Pratique o jejum mas partilhe o pão com o faminto (Joel 2:12, Isaías 58:6-7)
- Coma para a glória de Deus (1 Coríntios 10:31)
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