Você pergunta: Fui visitar uma igreja e, na Escola Dominical, o pregador disse que João Batista se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Até aí tudo bem. Porém, depois, ele explicou que no hebraico a palavra gafanhoto pode se referir a uma árvore que tinha frutos com sabor parecido com o de mel. Isso realmente é verdade?
Caro leitor, você faz muito bem em checar as informações que recebe. Infelizmente, em nossa geração, muitas inverdades têm sido propagadas, principalmente com o objetivo de conseguir cliques na internet.
Nesse sentido, pessoas mal intencionadas inventam informações e, como as pessoas que assistem, acabam não sabendo pesquisar sobre o tema, essas mentiras acabam se propagando e virando “verdades” na boca de muita gente.
E, em pouco tempo, informações mentirosas estão sendo pregadas por professores muitas vezes mal preparados, que não estudam os fatos antes de ensinar. Esse é o caso desse professor que você citou.
Mas vou explicar o motivo de essa informação sobre João Batista estar totalmente equivocada, afinal, a mentira é combatida com a verdade bem fundamentada.
“Usava João vestes de pelos de camelo e um cinto de couro; a sua alimentação era gafanhotos e mel silvestre” (Mateus 3:4).
(1) A primeira coisa a ser checada é a palavra usada no original em grego. Ali temos a palavra grega “akris“. Ela é traduzida corretamente para o português como o inseto conhecido como “gafanhoto“.
Esse inseto é largamente conhecido, principalmente pela sua característica de se juntar em nuvem de tempos em tempos, causando muita destruição às lavouras e às plantações diversas.
Mas como podemos saber que isso também não era uma árvore naquela região? Aqui temos duas considerações importantes para termos essa resposta:
(2) Não temos nada registrado dentro da flora ali daquela região como sendo uma árvore chamada de gafanhoto, que tem frutos com gosto de mel, principalmente falando da região desértica onde João Batista costumeiramente ficava.
Mas ainda que alguém possa encontrar uma planta que pudesse satisfazer esse requisito de ter um fruto com sabor de mel, ainda temos um problema com isso!
A palavra usada no texto é a palavra hebraica usada para o inseto gafanhoto. Por exemplo, quando em Apocalipse o texto narra sobre um ataque de gafanhotos (claro, usado ali de maneira simbólica), observe que usa a mesma palavra grega “akris“:
“Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra” (Apocalipse 9:3).
Aqui, claramente, o texto quer remeter ao conhecido inseto e seu apetite voraz de causar destruição, principalmente quando agem em nuvem!
Ora, se no texto que fala sobre João Batista, gafanhoto é uma árvore, aqui também em Apocalipse tinha de ser, pois é exatamente a mesma menção, sem qualquer modificação por contexto. Por isso, evidentemente, não tem como ser uma árvore!
(3) Um último ponto a considerar é que o texto bíblico cita “gafanhotos e mel silvestre”. São duas coisas! Ou seja, aqueles que inventaram essa história de árvore com frutos com sabor de mel não se atentaram a esse detalhe.
Se a árvore se chama gafanhoto e os frutos têm sabor de mel, João comia a árvore também? Evidentemente que não faz sentido algum!
A alimentação do profeta é claramente de dois elementos: gafanhotos (que forneciam proteínas ao profeta), além de muitas outras vitaminas que esse inseto tem; e mel, que tem alto teor de carboidratos. São dois elementos essenciais para a saúde humana.
O profeta tinha, então, uma nutrição que o ajudava a realizar seus trabalhos. Vemos Deus alimentando o profeta com tudo que precisava!
(4) Sendo assim, concluímos que essa informação de que João se alimentava de frutos de uma árvore é claramente contrária ao ensino bíblico. É mais uma daquelas informações plantadas por pessoas mal intencionadas, que amam lançar dúvidas vazias sobre textos claríssimos das escrituras!
Portanto, fiquemos com o que o texto explica de forma clara e inequívoca!