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A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) é uma denominação cristã de origem norte-americana, conhecida por sua forte ênfase na guarda do sábado e na volta de Cristo. Mantém um carácter diferenciado e exclusivo com base nas suas doutrinas, regras de conduta e na restrição de alimentos.

Embora apresentem muitas semelhanças com a maioria das igrejas cristãs evangélicas, os adventistas do 7º dia possuem doutrinas bastante controversas à fé protestante. Algumas delas foram baseadas em interpretações incorretas sendo, à luz da Bíblia, completamente erradas em muitos aspectos.

Nos últimos anos, a IASD vem ganhando projeção no meio evangélico, através de estratégias de aproximação dessa parcela cristã. Possui programas veiculados na Internet, TV e rádio (Novo Tempo e Evidências, p.ex), cantores e grupos musicais conhecidos no mundo gospel (Leonardo Gonçalves, Os Arrais), e intervenções sociais (em escolas, hospitais, etc.) que atingem milhares de pessoas.

Origem da igreja Adventista do 7º dia

A igreja nasceu no século XIX nos Estados Unidos, de um movimento de crentes no adventismo. Este grupo pregava o retorno próximo de Cristo. Depois do “Grande Desapontamento”, desencadeado pelo movimento Millerita de 1840, seguidores que mantiveram suas crenças nas previsões fracassadas de G. Miller, organizaram oficialmente a denominação Adventistas do Sétimo Dia, em 21 de Maio de 1863. Muitas das suas crenças tiveram como base visões e revelações de seus fundadores.

Em que acredita a Igreja Adventista do 7º Dia?

A Igreja Adventista do 7º Dia possui 28 crenças fundamentais dispostas num documento oficial chamado “Nisto cremos”. Esses fundamentos são estruturados em seis categorias: doutrinas de Deus, dos homens, da salvação, da igreja, da vida cristã e do tempo do fim.

A maior parte das doutrinas adventistas tem boa base bíblia. Contudo, alguns fundamentos não são equivalentes com a fé e interpretação bíblica evangélica nos seguintes pontos:

  1. Ênfase na guarda do sábado – Segundo essa doutrina, a guarda do sábado é fundamental para o crente.
  2. Fonte de autoridade extra-bíblica – Os seguidores da IASD fazem uso, em paralelo com a Bíblia, de amplo material escrito advindo de revelações e visões da sua profetisa Ellen G. White.
  3. Polêmicas sobre a Doutrina de Jesus Cristo – Documentos oficiais da igreja interpretam que Jesus teria herdado a natureza humana caída e que Ele teria sido o arcanjo Miguel no Antigo Testamento.
  4. Polêmicas sobre a Doutrina da Salvação – Defendem a doutrina do Sono da alma ou estado de inconsciência após a morte; a existência de um Santuário Celestial para onde Jesus teria ido em 1844 para concluir a Sua obra de expiação e a doutrina do Juízo investigativo de Cristo, segundo a qual Jesus estaria examinando nos registros quem está apto para se beneficiar ou não do perdão dos pecados. Também afirmam que Satanás será o bode expiatório ou emissário; segundo esta interpretação, no fim, Satanás levará sobre si os pecados dos crentes que foram removidos no santuário celestial para purificação do universo. Destruição final dos ímpios: para os adventistas acontecerá o extermínio final dos ímpios e de Satanás.
  5. Regras de conduta legalistas – Além de considerarem a observância do sábado como essencial para a salvação, advogam a necessidade de realização de sacrifícios pessoais, através de usos e costumes restritivos na alimentação, vestuário e em seu estilo de vida.

Veja aqui mais: como interpretar a Bíblia?

O adventismo e a Bíblia

A Igreja Adventista do Sétimo Dia possui algumas doutrinas bastante controversas. Algumas delas devem ser consideradas falsas ou distorcidas. A começar por sua origem, iniciada com um grupo que tentou datar a volta de Cristo e que manteve essas convicções a todo custo. Muitos dos seus ensinamentos tiveram base em revelações extra-bíblicas e visões dos seus líderes fundadores, que ultrapassam e refutam a suficiência da Bíblia. Veja:

  • A guarda do sábado não é essencial para os cristãos nem importante para a sua salvação. Nenhum dia da semana é mais importante do que Cristo e a sua obra perfeita. Somente a graça, por meio da fé em Jesus Cristo, pode nos garantir a eternidade com Deus. A Bíblia nos diz em (Colossenses 2:16-17) que as ordenanças da lei eram sombra do que se cumpriu em Cristo. É Ele o Senhor do sábado, portanto devemos nos submeter a Ele e não às obras da Lei.
  • A Bíblia é a única fonte plena e suficiente para a doutrina cristã. A Palavra é inspirada e autorizada por Deus para alimentar e munir o seu povo (2 Timóteo 3:16-17). Por outro lado, os adventistas do sétimo dia acreditam que os escritos de Ellen White sejam o testemunho de Jesus – o espírito de profecia, descrito em Apocalipse 19:10, o que não faz sentido, de acordo com a revelação total da Bíblia.
  • A crença na aniquilação dos ímpios e de Satanás, é uma doutrina defendida pelos adventistas e pelos testemunhas de Jeová, que afirma que os ímpios serão destruídos completamente. Mais uma vez, a Bíblia não confirma este ensinamento. Diversas passagens bíblicas, inclusive o próprio Jesus nos alerta sobre a punição e condenação eterna: Mateus 25:30, Mateus 25:41 e Mateus 25:46. Satanás, a besta e o falso profeta também serão atormentados eternamente (Apocalipse 20:10).
  • Regras de conduta – As normas e orientações sobre alimentação, vestuário, saúde e conduta são bastante restritivas. Alguns adventistas consideram que essas regras são essencialmente necessárias, beirando ao legalismo. Contudo, não são as obras que salvam nem tornam alguém mais propício a receber a justiça e graça de Deus. Quanto à restrição de ingestão de carne e outros alimentos, a recomendação bíblica no Novo Testamento (Atos dos Apóstolos 21:25) não deve ser diminuída em relação às revelações da sra. White (Romanos 14:2). Infelizmente, uma forte característica da igreja é se considerar exclusiva, em relação a outras igrejas cristãs evangélicas, justamente por observarem muitas regras de usos e costumes como obras justificadas pela lei (Gálatas 2:16).

Veja aqui: Cristãos devem guardar o sábado?

Doutrinas de Cristo:

  1. Jesus Cristo não herdou a natureza pecaminosa de Adão. Se assim fosse, Ele precisaria de um salvador tal como toda a humanidade. Cristo é plenamente Deus e plenamente homem, mas sem pecado (Hebreus 4:15). O Seu sacrifício foi perfeito e suficientemente aceito por Deus para redimir e tirar os pecados do mundo porque Ele era o cordeiro perfeito.
  2. Jesus nunca foi o arcanjo Miguel: a Bíblia relata claramente que Jesus Cristo é extraordinariamente superior aos anjos (Hebreus 1:3-5). Cristo é Deus criador, Miguel é criatura. Erros gravíssimos de interpretação como esses, de relativizar a divindade de Cristo, colocando-o ao mesmo nível de homens pecadores ou de anjos devem ser considerados como heresias e falsas doutrinas.

Veja também: Quem é o arcanjo Miguel

Doutrinas da Salvação:

  1. A doutrina do sono da alma após a morte é bastante controversa. Em passagens como a do rico e o Lázaro (Lucas 16:22-23) e no diálogo de Jesus com o ladrão (Lucas 23:43) nota-se que a alma daquele que morre permanece consciente (no Paraíso ou no Hades) onde aguarda o julgamento final (Apocalipse 20:13).
  2. As doutrinas do pré-advento: santuário celestial e juízo investigativo foram promovidas para justificar as falhas das profecias de Miller em 1844 e a insistência de alguns seguidores em afirmar que Jesus teria de fato saído do Céu naquela data. Essas doutrinas nasceram de visões e revelações humanas dos fundadores desta igreja. A Bíblia nunca incentiva aos crentes a descobrirem o dia e a hora do retorno de Cristo (Mateus 24:36). Por outro lado, nos revela que, quando se der a segunda vinda de Jesus, esta será visível a todos (Atos dos apóstolos 1:9-11). As Escrituras nos ensinam sobre a obra expiatória de Jesus, sem jamais mencionar o juízo investigativo defendido pelos adventistas do 7º dia. Sua obra (vida, morte na cruz do Calvário e ressurreição) foi completa e suficiente para salvar os pecadores (substituição, perdão e justificação) e cumprir a exigência da justiça e santidade de Deus (Hebreus 9:28). Na Cruz Jesus disse: Está consumado! (João 19:30). Ao derramar o seu sangue, Jesus concluiu a obra de redenção. De forma nenhuma Ele deixou o seu trabalho incompleto.
  3. Satanás como o bode emissário é outra interpretação adventista que está completamente errada. A referência sobre o bode emissário está registrada no livro de Levítico, no Antigo Testamento, nas orientações sobre o dia da expiação (Levítico 16:20-22). Tanto o bode sacrificado pelo pecado do povo – bode expiatório (Levítico 16:15), quanto o bode vivo, enviado para o deserto – bode emissário, simbolizando o pecado retirado para fora do arraial, são sombras da obra completa que Cristo fez na cruz. Ele é o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (João 1:29). É Cristo quem levou sobre si os nossos pecados e não Satanás.

Os cristãos protestantes têm na Palavra de Deus a sua única regra de fé e conduta para a vida. Por isso, antes de aderir a qualquer confissão religiosa devem analisar e avaliar sempre, tendo a Bíblia como referência (João 5:39) para não serem enganados por falsas doutrinas.

Há de se salientar que não são todos os adventistas que creem e confessam essas doutrinas mais controversas. O envolvimento social da IASD através de escolas, faculdades, hospitais e outros programas comunitários é outro ponto positivo a se referenciar.

Fonte