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Você pergunta: Eu sei de algumas igrejas que, com base em 2 João 1:10, orientam seus membros a não receber pessoas que pensam diferente deles e nem mesmo cultivar amizades com essas pessoas. Eu gostaria de compreender melhor o que significa não recebais em casa, nem deis boas-vindas nesse texto de 2 João.

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Cara leitora, para uma compreensão mais exata desse texto é preciso um estudo da carta toda, de todo o contexto, para que o entendimento seja mais pleno sobre o que João quis ensinar aqui nessa proibição. Vamos trabalhar um pouco disso no estudo de hoje.

O que significa não recebais em casa, nem lhes deis boas-vindas em 2 João 1:10

Não recebais em casa, nem lhe deis boas vindas

(1) Vamos começar falando do endereçamento dessa carta. Em 2 João 1:1 a carta é endereçada “à senhora eleita e aos seus filhos”. Temos pelo menos duas compreensões sobre isso: (i) Seria uma senhora mesmo (pessoa física) e seus filhos de sangue ou talvez filhos espirituais; (ii) Seria um tipo de personificação usada por João para falar daquela igreja local para a qual mandou essa carta e seus membros (filhos), assim como a igreja é chamada muitas vezes na Bíblia de forma feminina, como noiva, virgem, etc.

(2) Agora vamos pontuar o perigo que incomodava João ali: “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo” (2 João 1:7). Existe um grupo de pessoas que tem feito “missões para o diabo”, ou seja, missionários que se apresentavam como missionários verdadeiros, porém, seus ensinos eram contrários à Palavra de Deus e buscavam destruir princípios fundamentais sobre a doutrina de Cristo. João cita como um dos principais falsos ensinos o fato de negarem o “Jesus homem”. Então, temos um grupo que viajava pelo mundo fora levando falsas doutrinas e se apresentando como se fossem verdadeiros servos do Senhor! Como pastor que era, João não podia ficar calado!

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(3) Chegamos agora à orientação severa de João: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas” (2 João 1:10). Muitos têm usado esse texto de forma errada para cortar todo tipo de relações com qualquer pessoa que discorde de um pensamento, ou mesmo que tenha uma atitude que se considera errada. Mas não é o que o texto ensina. Para compreender a ordem de João, primeiro pensemos no que pode significar a palavra “casa” nesse contexto:

(i) Se considerarmos que a carta é endereçada para uma senhora (pessoa física), é possível que João, sabendo da importância dessa senhora na comunidade, a está orientando a não receber pessoas como essas em sua casa (pessoal), pois isso seria como dar um aval, uma aprovação ao que ensinavam. Não é falta de amor nesse caso, mas uma proteção contra pessoas mal intencionadas que se aproveitavam da hospitalidade de pessoas importantes na comunidade para ganhar aprovação e atenção dessa comunidade.

(ii) Já se considerarmos que essa senhora seria uma designação para aquela igreja local, então, João não estaria falando somente de uma simples recepção em uma casa de forma pessoal. Sabemos que os cristãos se reuniam em casas nessa época. Eram locais oficiais onde havia reuniões oficiais da igreja. Sendo assim, João estaria orientando os irmãos a não receberem esses missionários e dar-lhes espaço nos cultos oficiais, pois, de fato, dar o “púlpito” a um enganador em uma reunião oficial seria dar aprovação a ele, assinar embaixo que ele é um verdadeiro servo, o que não era uma realidade!

(4) Finalizamos observando que a mensagem desses falsos missionários era conhecida, o que dava aos cristãos a possibilidade de escolher entre aceitá-los ou rejeitá-los. Daí o apóstolo ser severo, dizendo: “Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2 João 1:11). João tem em mente um apoio à pessoa e à sua falsa mensagem. Isso não deveria ser feito, pois a igreja ou uma pessoa muito importante da igreja estaria dando um aval positivo a algo que deveria ser rejeitado. João não está proibindo a prática do amor ao próximo aqui. Se uma dessas pessoas, ainda que enganadoras quanto à doutrina, tivesse alguma necessidade urgente, certamente os irmãos tinham amor para ajudar. Mas não deveriam dar apoio quando se fala em aceitação de suas falsas doutrinas, ou mesmo dar espaço nas reuniões da igreja para elas propagarem falsos ensinos.

(5) Para fechar, observe como o apóstolo João elogia Gaio pela sua hospitalidade a missionários verdadeiros e como o orienta a manter tal trabalho de acolhimento e de apoio na sequência de suas missões, ainda que sejam estrangeiros: “Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus” (3 João 1:5-6). Portanto, a hospitalidade é mantida como orientada na Palavra, mas com o cuidado zeloso de não dar aval positivo a quem reconhecidamente é um falso missionário, um enganador!

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