A mulher sunamita é uma personagem emblemática do Antigo Testamento, mas não há registros do seu nome na Bíblia. Ela foi citada apenas como uma habitante da cidade de Suném. Segundo a Bíblia, era uma mulher que possuía terras e boas condições. Apesar de não ter seu nome destacado na Palavra, seus atos nos deixam grandes ensinamentos quanto a fé, determinação e cuidado com a obra de Deus.
Onde ficava a cidade de Suném?
Suném vem do original hebraico Shunem que significa “lugar de repouso”. A cidade ficava a sudeste do mar da Galileia, localizada na planície de Jezreel entre os montes Gilboa e Tabor. Fazia parte dos domínios da tribo de Issacar. Era um lugar fértil com boa vocação para a agricultura.
Era uma mulher de iniciativa
Quando o profeta Eliseu estava em Suném, a rica sunamita insistiu que ele tomasse uma refeição em sua casa. Depois disso, sempre que ele passava pela cidade parava ali para uma refeição. Vemos sua iniciativa ao convidá-lo, para almoçar em sua casa, mais do que isso, continuando a alimentá-lo ajudando o ministério de Eliseu na cidade. Ela reconheceu o homem de Deus e compartilhou com seu marido: “Sei que esse homem que sempre vem aqui é um santo homem de Deus” (2 Reis 4:8-9).
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Outra iniciativa que podemos constatar é como ela envolveu a sua casa com a obra de Deus. Ela dá uma sugestão ao marido: “Vamos construir lá em cima um quartinho de tijolos e colocar nele uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lamparina para ele. Assim, sempre que nos visitar ele poderá ocupá-lo” (2 Reis 4:10).
A sunamita pensou em todos os detalhes; pensou em um espaço em que Eliseu pudesse descansar – um quartinho com uma cama – e também uma estrutura que o profeta pudesse exercer seu ministério com uma mesa, uma cadeira e uma lamparina. Ela não queria apenas servir, mas servir com excelência, e assim ela honra o próprio significado do termo Suném, lugar de repouso.
Outra atitude notável foi que em nenhum momento ela barganhou “benção” com o profeta. Sua vontade era realmente de contribuir com a obra e Deus. Fica evidente no momento em que Geazi a mando de Eliseu pergunta o que poderia fazer por ela. A sunamita simplesmente responde: “estou bem entre a minha própria gente”(2 Reis 4:13).
Ela entendia que a prosperidade em sua casa estava em contribuir com a vontade do Pai e tinha entendimento que Deus já estava suprindo sua vida. Apesar do seu marido ter muita idade, Eliseu profetizou um filho ao casal . No ano seguinte a mulher engravidou e deu a luz a um filho.
Era uma mulher de fé e determinação
Outra característica que chama a atenção na mulher sunamita foi a sua fé. Seu filho já crescido estava no campo e foi encontrar seu pai que estava com os ceifeiros. “De repente ele começou a chamar o pai, gritando: “Ai, minha cabeça! Ai, minha cabeça!”. O pai disse a um servo: “Leve-o para a mãe dele”. O menino ficou no colo dela até o meio-dia e morreu (2 Reis 4:19-20).
Ela entrou em desespero? Saiu gritando? Não. Ela subiu no quarto de Eliseu, deitou o menino na cama, saiu e fechou a porta. E falou com seu marido que precisava de um servo e de uma jumenta para ir falar com o homem de Deus. Dá a entender que nem mesmo ao marido ela fala que o filho havia morrido. Ele chegou a questioná-la: “Mas por que hoje? Não é lua nova nem sábado!” Mas ela disse para ele não se preocupar.
Determinada a encontrar o profeta ela sobe o monte carmelo que significa “Presença de Deus”. O mesmo monte onde se deu a batalha entre o profeta Elias e os 400 profetas de Baal. Não era um monte baixo, segundo a topografia da região o monte carmelo tem exatamente 525 metros de altitude; um pouco mais de meio quilômetro de altura. Ao vê-la o profeta Eliseu manda Geazi recebê-la e ele pergunta: ‘Está tudo bem com você? Tudo bem com seu marido? E com seu filho?’ ” Ela respondeu a Geazi: “Está tudo bem”. Mesmo diante de uma situação extrema e grande angústia ela se mantem controlada.
A ressurreição do filho da sunamita
Eliseu foi a casa acompanhado pela sunamita e Geazi, servo do profeta, foi à frente correndo. Chegando antes de todos Geazi pôs o cajado sobre o rosto do menino como o profeta tinha orientado, mas o menino não respondeu. Quando Eliseu chegou, fechou a porta do seu quarto e orou ao Senhor. Depois ele deitou sobre o menino duas vezes e o corpo se aqueceu. Quando Eliseu levanta e começa a andar pelo quarto o menino espirra sete vezes e abre os olhos. O profeta abre a porta do quarto e a sunamita se prostra aos seus pés e pega seu filho. (2 Reis 4:33-36).
Restauração das suas terras e testemunho ao rei
Anos depois da ressurreição do seu filho, ela e sua casa receberam o livramento de Deus. Eliseu tinha prevenido a sunamita sobre a fome em sua terra: “Saia do país com sua família e vá morar onde puder, pois o Senhor determinou para esta terra uma fome, que durará sete anos” (2 Reis 8:1). A sunamita seguiu seu conselho e passou sete anos na terra dos filisteus com sua família (2 Reis 8:2).
Ao retornar, em Israel suas terras e propriedades tinham sido invadidas. Ela fez um apelo ao rei para reapossar suas terras. O rei estava conversando com Geazi que testemunhou sobre a vida da sunamita intercedendo a seu favor. O rei pediu a ela para que contasse todo ocorrido e confirmou tudo o que Geazi tinha testemunhado. Com isso ela teve o valor da colheita indenizada e sua terra restaurada. Além disso, teve a oportunidade de testemunhar ao rei o que Deus estava realizando na sua vida. (2 Reis 8:3-6).
Abisague, a jovem sunamita
Na Bíblia também há outra sunamita esta chamada de Abisague. Uma jovem que foi trazida de Suném para servir ao rei Davi em sua velhice (1 Reis 1:1-3). Com a morte de Davi, Adonias seu filho requisitou Abisague por intermédio de Bate-Seba. O pedido gerou a ira do rei Salomão que ordenou sua morte, sendo executado por Benaías filho do Sacerdote Jeoiada.