A Bíblia diz que todo cristão é estrangeiro e peregrino no mundo, porque sua pátria verdadeira é o Céu. Tendo isso em conta, devemos tratar bem os imigrantes e refugiados, refletindo o amor de Deus em nossas atitudes. A Bíblia é muito clara sobre esse assunto: é pecado maltratar e desprezar o estrangeiro.
Independentemente da política de imigração do país, todo cristão deve tratar imigrantes e refugiados com amor e respeito, como qualquer outro ser humano. Assim como devemos ajudar nossos compatriotas mais necessitados, devemos ajudar os estrangeiros necessitados. Não temos o direito de rejeitar outras pessoas só por não partilharem a mesma cultura ou nacionalidade que nós. Todo ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus e precisa de Jesus.
Deus defende os imigrantes e refugiados
Várias vezes na Bíblia, Deus fala sobre três categorias de pessoas muito vulneráveis na sociedade:
- Os órfãos
- As viúvas
- Os estrangeiros
Assim como os órfãos e as viúvas, os estrangeiros estão separados da rede que protege a maioria das pessoas e isso os torna mais vulneráveis a perigos e abusos (Jeremias 22:3). A maioria dos imigrantes e refugiados está afastada de sua família e sua comunidade, não conhece coisas básicas sobre o funcionamento de seu novo país e ainda tem de superar as barreiras da língua e da cultura. Quando uma pessoa muda de país, todo seu mundo é virado do avesso!
A vida de um imigrante ou refugiado é muito mais difícil do que parece. Hoje, como antigamente, a maioria dos imigrantes faz parte da população mais pobre do país onde moram. Também costumam ser os mais explorados. Foi por isso que Deus sempre ordenou que os israelitas deveriam tratar bem os estrangeiros que moravam em seu país. Há uma maldição na Lei de Moisés contra quem maltrata o estrangeiro (Deuteronômio 27:19).
Deus está do lado dos oprimidos (Salmos 146:9). Diante do preconceito, da opressão e da exploração, Jesus mostrou um caminho melhor: o amor ao outro. Seu ministério se concentrou principalmente nos judeus mas ele não rejeitou pessoas de outras culturas. Ele veio para salvar pessoas de todos os povos, em todas as partes do mundo. Quando pensamos nos imigrantes e refugiados, devemos sempre lembrar que Jesus os ama tanto que deu sua vida por eles.
Veja aqui: o que a Bíblia fala sobre amar o próximo?
Imigrantes e refugiados são perigosos?
Como em todas as sociedades, alguns imigrantes e refugiados não terão boas intenções, mas a maioria apenas quer uma vida melhor para si e para quem ama. Não há evidência que sejam mais nem menos perigosos que qualquer outro grupo de pessoas. O verdadeiro perigo está na exclusão dos imigrantes e refugiados da sociedade.
Quando as pessoas são excluídas em uma sociedade e não têm meios honestos para providenciar para sua família, isso promove o crime. Algumas pessoas irão se envolver em atividades ilegais para sobreviver, enquanto que outras serão exploradas e abusadas porque não têm nenhuma proteção da sociedade. Além disso, o preconceito, o medo e o ódio causam muito sofrimento, levando alguns a sentimentos de hostilidade. O ódio e o preconceito podem se tornar recíprocos.
Somente o amor e a hospitalidade podem quebrar esse ciclo vicioso. Quando tiramos tempo para conhecer imigrantes e refugiados, descobrimos que temos muito mais em comum do que parece. Além disso, a amizade ajuda-os a integrar melhor no país, evitando muitos problemas. Jesus nos desafia a viver um amor revolucionário, que vence todas as barreiras do medo e da diferença (1 João 4:18).
E se forem ilegais?
Alguns imigrantes e refugiados entram no país de destino de forma ilegal, podendo ser deportados se forem apanhados pelas autoridades. Mas a Bíblia não faz distinção entre imigrantes legais e ilegais (o controle de fronteiras era diferente na época de Jesus). Para o cristão, a regra continua igual: amar e mostrar hospitalidade (Gálatas 6:10). O estatuto de ilegal não nos dá o direito de maltratar o estrangeiro.
A atitude cristã deveria ser ajudar os imigrantes ilegais a regularizar sua situação, buscando seu bem. Para alguns, o melhor será receber ajuda para voltar para seu país de origem. Para outros, o melhor será se tornarem residentes legais. Em qualquer situação, a atitude principal do cristão deverá ser o amor, não o medo nem o julgamento.
Leia aqui: o que a Bíblia diz sobre ajudar o próximo?
E se tiverem outra religião?
Mesmo se tiverem outra religião ou filosofia de vida, devemos mostrar amor e compaixão para os imigrantes e refugiados. Jesus não nos ensinou a amar apenas os cristãos. Ele nos ensinou a amar a todos, até nossos inimigos! Podemos discordar completamente de sua religião, mas não podemos deixar de os amar (Lucas 6:27-28).
Para muitos imigrantes e refugiados, a mudança para outro país será sua primeira oportunidade de conhecer o evangelho. Em vários países de onde as pessoas fogem, é proibido pregar o evangelho, ouvir o evangelho e se tornar cristão. Muitas pessoas têm outra religião porque simplesmente nunca ouviram falar de Jesus! Quando cristãos mostram o amor e a hospitalidade de Jesus a estrangeiros de outras religiões, esse é um grande testemunho e pode transformar vidas.
Não deixe que seu medo de outras religiões e culturas lhe impeça de levar a mensagem da salvação a quem precisa.
Veja também: o que significa “amai os vossos inimigos”?
O cristão como estrangeiro na terra
A Bíblia diz que nossa cidadania está no Céu (Filipenses 3:20). Qualquer que seja nossa nacionalidade, não pertencemos realmente a nenhum povo da terra. Nossa pátria não está nesse mundo. Vamos ser sempre um pouco diferentes, estranhos para outras pessoas, porque Jesus muda nossa cultura e nossos valores.
Assim como os seguidores de Deus na Bíblia, nós devemos nos lembrar que somos apenas estrangeiros e peregrinos na terra (Hebreus 11:13-16). Nosso alvo é a pátria celestial. Quando pensamos sobre imigrantes e refugiados, devemos sempre lembrar que nós também somos estrangeiros em todo lugar onde moramos.
Os israelitas: uma história de imigrantes e refugiados
Quando Deus chamou Abraão, Ele o enviou para longe de seu país (Gênesis 12:1). Depois de seu chamado, Abraão viveu o resto de sua vida como estrangeiro na terra que um dia pertenceria aos seus descendentes. Abraão e Sara foram imigrantes em Canaã.
Mais tarde, Jacó, neto de Abraão, se mudou com toda sua família para o Egito, onde moraram como estrangeiros. Apesar de morarem no Egito durante 400 anos, os descendentes de Jacó não se integraram completamente com os egípcios e foram maltratados como povo minoritário. Os egípcios ficaram com medo dos “forasteiros” e os escravizaram. Eles tentaram destruir o povo israelita, matando todos os meninos recém-nascidos. Mas Deus viu tudo isso e defendeu os estrangeiros oprimidos.
No Egito, Deus levantou Moisés, que se tornou o líder do povo de Israel. Com a ajuda de Deus, Moisés organizou a fuga dos israelitas do Egito. Assim, os israelitas se tornaram um povo de refugiados no deserto. 40 anos mais tarde, com a bênção de Deus, eles se tornaram imigrantes invasores na terra de Canaã, conquistando o território e expulsando muitos povos nativos. Canaã se tornou a nova pátria dos israelitas e ficou conhecida por um novo nome: Israel.
Séculos mais tarde, o país de Israel foi conquistado e os israelitas foram deportados para a Assíria e a Babilônia. Eles viveram por muitos anos como imigrantes em outros lugares, sem poderem voltar para casa. Durante esse tempo, um homem chamado Hamã, movido pelo ódio contra os imigrantes, tentou exterminar os israelitas. Mas Deus não se esqueceu de seu povo no exílio e usou Ester para os salvar. Então, depois de 70 anos de exílio, os israelitas voltaram para seu país.
70 anos depois do nascimento de Jesus, quando a Igreja ainda estava no seu início, os judeus entraram em uma grande luta contra os romanos que controlavam a região. Os judeus foram derrotados e, mais uma vez, foram obrigados a deixar sua pátria. Durante séculos, os israelitas viveram como imigrantes e refugiados pelo mundo, sendo muitas vezes maltratados, oprimidos, tratados com preconceito e até perseguidos. Como não tinham pátria nem governo para os defender, ficaram muito vulneráveis a abusos.
Em 1947, depois do pior massacre de sempre de judeus, cometido pelos nazis, voltou a ser criado o país de Israel. Atualmente, muitos judeus moram em Israel mas ainda há muitos outros que moram em outras partes do mundo, como povo diferente.
Ao longo de todo esse tempo, em qualquer parte do mundo, Deus cuidou de Seu povo. Quando os israelitas se estabeleceram da primeira vez em Israel, Deus ordenou que eles tratassem bem os estrangeiros em sua terra, porque eles conheciam bem a dificuldade de ser imigrante e refugiado (Levítico 19:34). Como estrangeiros, os israelitas tinham sido maltratados mas eles deveriam fazer melhor, tratando os vindos de fora com amor, justiça e hospitalidade. Esse é o caminho de Deus.
Leia aqui mais sobre a história de Israel.
A expansão da igreja foi feita por imigrantes e refugiados
A última ordem de Jesus foi para fazer discípulos de todas as nações (Mateus 28:18-20). Isso significava que os discípulos não deveriam apenas ficar nos seus próprios países. Eles deveriam sair e se tornar imigrantes em outros países, para espalhar a mensagem do evangelho por toda a terra!
Quando começou a perseguição à Igreja, os primeiros cristãos se tornaram refugiados em outras regiões e outros países. Na sua fuga, eles levaram o evangelho para cada vez mais pessoas (Atos dos Apóstolos 8:3-4). Em vez de destruir a mensagem de Cristo, a perseguição a tornou mais global. Atualmente, imigrantes e refugiados continuam a ser os pioneiros que levam o evangelho para onde ainda não é conhecido. Sem eles, muitas pessoas hoje ainda não conheceriam Jesus.
Leia aqui mais: o que é a igreja perseguida?