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Você pergunta: Comecei a estudar a bíblia há alguns anos e tenho uma dúvida que ainda não consegui entender: muitas pessoas dizem que o Antigo Testamento foi abolido após Cristo. Isso é uma verdade? Nesse caso, eu não preciso mais me dedicar ao estudo dele? Como devemos entender essa questão das leis que foram abolidas?

Caro leitor, muita gente realmente se confunde nesse assunto e quase que rejeita o Antigo Testamento, achando que ele não é mais importante, que foi abolido e, por isso, não precisam mais conhecê-lo. Mas será isso uma verdade?

O Antigo testamento foi abolido após Cristo?

(1) A primeira coisa que temos de ter em mente é que a Bíblia Sagrada é uma coisa só. Essa divisão de Antigo Testamento e Novo Testamento é algo apenas para facilitar nossa compreensão daquilo que Deus fez nessas duas fases da história do mundo. Sem o Antigo Testamento nunca compreenderíamos o Novo. Além disso, ele foi usado amplamente pelos apóstolos para explicar questões importantes à igreja de Cristo que se iniciava. Por exemplo, Pedro usa o Antigo Testamento para explicar o derramamento do Espírito Santo: “Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel…” (Atos 2:16). Isso já nos leva a verificar que o conhecimento sobre o Antigo Testamento é algo importantíssimo para a compreensão dos planos de Deus na história e também sobre o Messias, Jesus Cristo, que tem um papel central nas escrituras, e ele foi muito valorizado pelos discípulos de Jesus.

(2) Mas, evidentemente, que o Antigo Testamento contém uma série de citações que precisam ser analisadas à luz de todo o contexto bíblico. Estou falando das leis. Aqui sim temos uma importante análise a ser feita. É um conteúdo complexo, mas em termos gerais, para que você compreenda, podemos separar as leis em dois grandes grupos: leis cerimoniais e leis morais.

a) As leis cerimoniais são aquelas leis que continham ordens específicas ao povo de Israel ou determinadas coisas a serem feitas que, após Cristo, já não fazem mais sentido porque elas se cumprem eternamente Nele. Um exemplo: os sacrifícios de animais pelo pecado. Isso se cumpre em Cristo, que foi nosso substituto perfeito e pleno, oferecendo um único e suficiente sacrifício por todos nós (Hebreus 10:12). Mais um exemplo: Temos também as leis criminais. Se alguém do povo de Israel fosse feiticeiro deveria ser morto por apedrejamento (Levítico 20:27). Isso era uma lei criminal que vigorou para Israel enquanto país e não mais para nós (hoje não saímos por ai apedrejando pessoas que praticam a feitiçaria, certo?). Ser feiticeiro continua sendo pecado (lei moral), mas aquelas punições criminais específicas do código criminal para Israel não são mais usadas, serviram apenas para eles.

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b) As leis morais são aquelas que determinam o comportamento do servo de Deus. Essas ainda vigoram plenamente após Cristo. Por exemplo, o mandamento “não matarás” é repetido no Novo Testamento, ele continua. Dessa forma, todas as ordens sobre nosso comportamento diante de Deus contido no Antigo Testamento continuam e ainda foram bastante aprofundadas por Cristo e pelos apóstolos. Um exemplo: o adultério é um pecado moral (Êxodo 20:14). Mas muitos entendiam que só o ato carnal era pecado. Jesus chega, aprofunda a compreensão e diz que as pessoas podem adulterar na mente também (Mateus 5:28). Todas as leis desse tipo ainda são válidas após Cristo.

(3) Os estudos sobre as leis, evidentemente, não são tão simples como descrevi acima, mas usei essa forma simplificada para que pudesse haver uma compreensão melhor do tema. Isso nos mostra que o Antigo Testamento é sim muito importante “tecnicamente” para entendermos melhor toda a história do plano e vontade de Deus através dos tempos. Mas ainda existem algumas outras coisas muitos importantes no Antigo Testamento: As suas histórias que mostram como personagens viveram suas vidas com Deus, seus erros, seus acertos. Isso nos traz inspiração vinda de Deus. Além disso, temos nos livros de sabedoria (Salmos, provérbios, Eclesiastes) uma fonte inesgotável de lições sobre as mais diversas faces da vida, que nos trazem uma direção de Deus em muitas coisas do dia a dia. Exemplo: “Não sejas frequente na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça” (Provérbios 25:17). Poderia citar mais coisas importantes, mas creio que ficou compreendido a grandeza e importância dos ensinos do Antigo Testamento.

(4) Tudo que foi dito até aqui mostra de forma clara que o Antigo Testamento é muito valioso, que devemos sim estudá-lo, entendê-lo, aproveitar todas as bênçãos que Deus nos traz através da sua leitura e estudo. Quem pensa que todo o Antigo Testamento foi abolido após Cristo e que  pode, assim, desprezar esse importante escrito e ficar somente com o Novo Testamento está cometendo um grave erro contra as Escrituras Sagradas e, certamente, nunca conseguirá compreender plenamente, por exemplo, o livro de Hebreus, que usa dezenas de figuras do Antigo Testamento para explicar a importância de Jesus Cristo!

 

Fonte