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O capítulo 22 do livro de Apocalipse – trecho final da Bíblia – trata daqueles que têm o direito à árvore da vida e os que ficarão de fora da eterna presença de Deus.

Dentre os que ficarão de fora da cidade celestial é mencionado “os cães” como um grupo excluído da presença de Deus.

No caso, “os cães” aparece num sentido figurado e não está relacionado ao animal que conhecemos.

Quem são “os cães”?

A expressão “ficarão de fora os cães” escrita em Apocalipse 22 está relacionada a imoralidade, a pessoas levianas que tem prazer na destruição, na corrupção e na violência:

“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira”

Apocalipse 22:14,15

Uma peculiaridade deste versículo é o termo estar no plural “os cães” não “o cão”. Assim como os cães salvagens, muitas pessoas aproveitam a oportunidade de estarem em grupo para agir de forma descontrolada e violenta.

Vale lembrar que os religiosos utilizaram da mesma tática para conspirar contra Jesus (Mateus 12:14). Sempre em grupos, incitando as multidões, com o objetivo de tirar a vida do Messias (Marcos 3:6; Lucas 11:53-54; João 19:5-7). A figura “dos cães” em relação à morte de Cristo foi profetizado por Davi num dos salmos:

Cães me rodearam!
Um bando de homens maus me cercou!
Perfuraram minhas mãos e meus pés.

Posso contar todos os meus ossos,
mas eles me encaram com desprezo.

Dividiram as minhas roupas entre si,
e lançaram sortes pelas minhas vestes.

Tu, porém, Senhor, não fiques distante!
Ó minha força, vem logo em meu socorro!

Livra-me da espada,
livra a minha vida do ataque dos cães.

Salmos 22:16 e 20

Veja também: Quem eram os Fariseus e Saduceus?

Jesus foi alvo dessas pessoas, que visavam derramar o Seu sangue. Mas o que parecia uma derrota foi, na verdade, a maior vitória do mundo. Cristo venceu a morte, ressuscitou e nos livrou da condenação e do pecado (1 João 2:2; Romanos 6:9-10)

A Bíblia é clara, este grupo de pessoas, se não houver um verdadeiro arrependimento, já estão condenadas e ficarão de fora da eterna presença de Deus.

Os Cães na Bíblia

O cão (ou cachorro) é popularmente conhecido como “o melhor amigo do homem”, mas na época bíblica não era bem assim.

Já haviam cães domesticados como citado no Novo Testamento (Mateus 15:25-28), mas a maioria das citações bíblicas – tanto no sentido literal quanto no sentido figurado – eram relativos aos cães selvagens.

O Mabeco também conhecido como cão-selvagem-africano, caçam em bando e são muito ferozes.
O Mabeco, também conhecido como cão-selvagem-africano, caça em bandos e é muito feroz.

Os cães selvagens se movem e caçam em bando. Era comum a presença desses animais ao redor das cidades e aldeias, um perigo na antiguidade (Salmos 59:6). Pelo fato de se alimentarem de carniça e lixo, eram tidos como animais impuros e associados de forma pejorativa (Isaías 66:3; Eclesiastes 9:4; Êxodo 22:31).

Podemos ver, principalmente no Antigo Testamento, esta relação figurativa dos cães com o perigo. Estar “entre os cães” não era um bom sinal. Esses cães já estiveram em muitas profecias, dando um fim trágico a reis e pecadores (1 Reis 14:11; 1 Reis 16:4; 1 Reis 21:19; 1 Reis 22:38).

O fim da rainha Jezabel é grande exemplo da presença dos cães numa profecia. Quando Jezabel morreu, teve seu corpo devorado por cães ferozes que a deixaram num estado irreconhecível, tal como profetizado por Elias (2 Reis 9:36-37).

Saiba: Quem foi Jezabel?

Diferente dos cães selvagens, os cães domesticados são mansos e submissos. No trecho em Mateus 15 e Marcos 7, uma mulher cananéia argumenta com Jesus que “até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos” (Marcos 7:28; Mateus 15:25-28), uma clara referência da figura do cão domesticado.

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