A Bíblia não tem nenhuma contradição significativa. Alguns nomes e números ficaram confundidos ao longo de séculos de tradução, mas são detalhes que não fazem diferença nenhuma. Outras supostas “contradições” podem facilmente ser explicadas pelo contexto e pela lógica.
Uma contradição acontece quando afirmamos que duas (ou mais) coisas são verdade, quando essas coisas negam uma à outra. Por exemplo, você não pode dizer que nasceu no Brasil e que nasceu na China. Você só pode nascer em um lugar, logo essas duas afirmações se contradizem.
A verdade não se contradiz. Deus também não se contradiz. Se a Bíblia é a verdade e a palavra de Deus, então ela não pode se contradizer. É por isso que muitos céticos procuram contradições na Bíblia, para mostrar não não vem de Deus. No entanto, se analisarmos a Bíblia honestamente, encontraremos poucas situações que realmente parecem contraditórias. Vamos analisar algumas delas:
Contradições de nomes e números
Quem já leu a Bíblia sabe que tem muitos recenseamentos e genealogias. Também registra datas importantes, idades e outros números. Mas em alguns lugares os nomes e números não batem certo.
Em algumas partes, a mesma pessoa pode ser chamada por dois nomes diferentes. Um caso disso é o rei Amazias (2 Reis 14:21), que também era chamado Uzias (2 Crônicas 26:1). É óbvio pelo texto que Uzias e Amazias são a mesma pessoa. Ou ele tinha dois nomes (como João Pedro), ou ele teve um nome de nascimento mas ficou mais conhecido por um apelido. Isso poderá também explicar outras “contradições” em algumas genealogias.
Em outro exemplo, 2 Reis 25:8 afirma que a cidade de Jerusalém foi destruída no sétimo dia do quinto mês, mas Jeremias 52:12 diz que isso aconteceu no décimo dia. Há uma diferença de três dias. Esta diferença pode ter surgido por um erro ao copiar o texto, ou pode indicar que a destruição de Jerusalém levou três dias (incendiar e demolir vários edifícios leva algum tempo).
Em outras situações, os manuscritos antigos trazem números diferentes. Um caso é a idade do rei Joaquim. 2 Reis 24:8 diz que ele tinha 18 anos quando começou a reinar e alguns manuscritos antigos também confirmam isso em 2 Crônicas 36:9. Mas outros textos antigos de 2 Crônicas dizem que ele tinha oito anos. Isso provavelmente foi uma distração da pessoa que copiou o texto.
No entanto, se analisarmos tudo, existem pouquíssimas diferenças de comparado com a quantidade de nomes e números que batem certo. Considerando que tudo foi copiado à mão ao longo de séculos, sem os recursos que temos hoje, com sistemas de contagem diferentes e muita informação destruída pelo tempo, é incrível a exatidão dos nomes e números da Bíblia! Os erros que conseguiram entrar na Bíblia são poucos e insignificantes.
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Contradições em relação à ciência e à História
Algumas pessoas acreditam que existem passagens da Bíblia que contradizem verdades científicas. Não estamos a falar aqui de milagres (que, por definição, são atos de intervenção divina sem explicação natural). Estamos a falar de afirmações erradas, como “a terra é plana”.
Por exemplo, será que Salmos 96:10 afirma que a terra não se move (logo o sol gira à volta da terra)? Não! Os Salmos são poemas, que não devem ser levados sempre literalmente. Esse versículo está falando, em sentido figurado, que nosso mundo está debaixo dos cuidados de Deus. Logo, está seguro, como algo que não pode ser abalado. Tentar tirar uma noção científica dali é ridículo.
Outro exemplo é Levítico 11:13-19, que lista o morcego como uma ave. Segundo as classificações modernas, o morcego não é uma ave. No entanto, no hebraico antigo, a palavra para “ave” significava qualquer criatura com asas. Segundo essa definição, morcego cabe na categoria de “ave”.
Devemos avaliar a Bíblia pelas definições de sua época, não por classificações que apenas surgiram há algumas décadas. A Bíblia não é um livro de ciência mas também não faz declarações comprovadamente erradas a nível científico.
Alguns céticos também alegam que a Bíblia tem contradições históricas. Por exemplo, a Bíblia fala sobre um rei da Babilônia chamado Belsazar, no tempo do profeta Daniel (Daniel 5:1). No entanto, documentos históricos mostram que nunca houve um rei Belsazar. Contradição? Não.
Belsazar era o filho do último rei da Babilônia, chamado Nabonido. Como Nabonido passou muito tempo fora, em guerras, Belsazar agia como regente, administrando o império. Um regente também podia ser chamado de rei. O império babilônico caiu antes de Nabonido morrer, por isso Belsazar nunca foi oficialmente rei, mas teve o poder de um rei. Na verdade, essa “contradição” confirma a Bíblia, que diz que Belsazar promoveu Daniel ao terceiro posto mais poderoso no reino (logo, debaixo de Belsazar e Nabonido) – Daniel 5:29.
A arqueologia tem provado que a informação histórica da Bíblia é muito exata e digna de confiança. Existem muitos documentos históricos que confirmam vários dados da Bíblia. Diante da evidência, não temos razão para crer que traz algum erro sério nas partes que ainda não foram confirmadas pela arqueologia.
Ensinamentos contraditórios
As únicas contradições que realmente podem fazer uma diferença são contradições nos ensinamentos da Bíblia. Mas muitas das “contradições” que costumam ser apresentadas são apenas versículos tirados do contexto (o que modifica seu sentido), ou lados diferentes de uma verdade mais complexa.
Por exemplo, a Bíblia proíbe a criação de imagens em Deuteronômio 5:8 mas ordena a criação de imagens em Êxodo 25:17-19. Fora do contexto, parece uma contradição, mas lermos Deuteronômio 5:8-9, mostra as imagens proibidas são apenas imagens para adoração, ou seja, ídolos. Imagens decorativas não têm problema algum. Analisar o contexto é essencial. Tirar versículos fora do contexto é uma forma preguiçosa e desonesta de argumentar.
Outro exemplo é a ordem de Deus para obedecer às autoridades governamentais (Romanos 13:1-3). Por outro lado, alguns discípulos também desobedeceram à autoridades, e a Bíblia lhes dá razão (Atos dos Apóstolos 5:27-29). Será que isso é uma contradição? Não. Basta estudar um pouco a Bíblia.
A Bíblia diz que Deus é nossa autoridade suprema. Todo cristão deve se submeter completamente a Deus. Não existe autoridade maior. Qualquer governo está abaixo de Deus. Em geral, o governo serve para manter a ordem e a paz, e devemos respeitar isso e obedecer à lei, para o bem comum. Mas, quando uma lei ou uma autoridade nos ordena a fazer algo que é claramente contra os mandamentos de Deus, devemos escolher obedecer a Deus, não aos homens. É simplesmente uma questão de quem é a autoridade maior. O equivalente legal é a lei federal, que vence a lei estadual ou autárquica, em caso de conflito.
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“Contradições” que não são
Ainda existem várias “contradições” que não merecem esse nome. Algumas passagens da Bíblia são citadas como sendo contradições mas nem cabem na definição. Por exemplo, Mateus 5:3-12 e Lucas 6:20-23 trazem versões diferentes das bem-aventuranças. Mas essas versões não se contradizem. Não há nada que diz, por exemplo “os pobres são abençoados” e “os pobres são amaldiçoados”. A versão de Lucas é apenas um resumo da versão de Mateus.
O mesmo acontece com os relatos da morte e ressurreição de Jesus. A história é contada de vários ângulos diferentes, com detalhes diferentes, mas os relatos não se contradizem. Na verdade, a quantidade de detalhes diferentes que cada pessoa registrou mostra como o processo foi caótico de complexo. Por exemplo, João 19:17 relata que Jesus saiu carregando sua cruz e Lucas 23:26 completa a informação, indicando que depois um homem chamado Simão carregou a cruz durante parte da viagem.
Ao todo, quando analisamos a Bíblia, vemos que não tem contradições verdadeiras em sua mensagem. Basta ler a Bíblia de forma honesta, lembrando sempre que cada passagem faz parte de um contexto maior.