Você Pergunta: Sempre aprendi desde pequeno que os animais entraram na arca de Noé de dois em dois, ou seja, dois de cada espécie, um macho e uma fêmea. Mas estudando mais detalhadamente o texto vi que existe a menção ali também da entrada de 14 animais de cada espécie, ou seja, sete pares, o macho e a fêmea. Pode me explicar melhor essa questão?
Caro leitor, de fato, em muitas historinhas bíblicas, principalmente aquelas contadas para as crianças, o foco que se tem é na entrada na arca de Noé de dois animais de cada espécie (macho e fêmea), no entanto, o texto bíblico tem maiores detalhes sobre isso e nos ensina que não foi exatamente assim. Surpreso? Vamos aprender mais detalhes sobre isso agora.
(1) Na primeira parte da ordem de Deus a Noé, Deus orienta o seguinte: “De tudo o que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo” (Gênesis 6:19). Boa parte dos leitores para a sua análise aqui, concluindo que Deus teria orientado que apenas dois de cada espécie entrassem na arca. No entanto, a grande regra de ouro da interpretação bíblica é SEMPRE ler o contexto do texto. Isso ajuda a tirar conclusões mais corretas. Vejamos o que o contexto nos mostra:
(2) Na sequência da ordem de Deus, já no período em que Noé iria entrar na arca, Deus detalha muito mais a ordem e diz a ele: “De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea” (Gênesis 7:2). Observe que agora, sete dias antes de começar o dilúvio, Deus traz maiores pormenores da quantidade de animais de cada espécie. Temos a adição de dois termos: animais limpos e animais imundos. Dos animais “limpos” Noé deveria levar 7 pares (7 machos e 7 fêmeas = 14 animais de cada espécie). Dos animais “imundos” deveria levar 1 par (1 macho e 1 fêmea = 2 animais de cada espécie ). Agora sabemos que de algumas espécies eram 2 animais e de outras 14 animais. Mas o que seria esse termo animais limpos e imundos?
(3) O texto não explica em detalhes essa diferenciação. É verdade que em Levítico Deus separa os animais em limpos e imundos, com referência aos animais que o povo de Israel podia ou não podia comer, mas aqui não temos uma diferenciação tão clara. Algumas hipóteses são que os animais limpos seriam aqueles que poderiam ser comidos mais tarde e, assim, por ser em maior número, poderiam se multiplicar mais rápido para serem alimento. Também já se pensou que essa diferenciação seria entre animais selvagens e não selvagens. Ou mesmo que os limpos seriam os animais que Deus aceitava para serem usados nos sacrifícios que viriam mais tarde. O fato é que somente Noé tinha essa resposta de forma totalmente detalhada vinda do próprio Deus. Mas observe que um grupo de animais é citado como limpo: “Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra” (Gênesis 7:3).
(4) Dessa forma, concluímos que na arca de Noé tivemos a entrada de 1 par de cada espécie de animais chamados de “imundos” e também 7 pares de cada espécie de animais chamados “limpos”. Concluímos também que a primeira parte da ordem de Deus (dada em Gênesis 6) é mais resumida e geral com relação aos animais, porém, depois, mais próximo do momento do dilúvio, a ordem se torna mais detalhada. Toda essa matemática nos ajuda a entender como Deus cuidou de cada detalhe, como ele de fato cuida de tudo, gerencia tudo, organiza tudo para nos abençoar!