Você pergunta: Eu tenho muitas dúvidas se o crente pode usar incenso em casa. Já li algumas coisas que dizem que incensos são coisas que estão carregados de espíritos ruins, que usá-los é levar o mal para dentro de casa porque eles são usados em religiões que são muito idólatras. Qual sua opinião sobre isso?
Caro leitor, diante de uma dúvida como essa é sempre bom analisarmos as escrituras e verificarmos o que elas nos dizem para ter tranquilidade em usar ou rejeitar o uso de determinada coisa, nesse caso, o incenso.
(1) Na Bíblia Sagrada o incenso já foi usado na época do tabernáculo e do templo: “Arão queimará sobre ele o incenso aromático; cada manhã, quando preparar as lâmpadas, o queimará” (Êxodo 30:7). Esse incenso aromático tinha uma receita especial dada pelo próprio Deus (Êxodo 30:34-37). Um detalhe interessante sobre ele é que a receita usada para prepará-lo era exclusiva, ou seja, ninguém podia copiá-la e fazê-la, por exemplo, para colocar em casa: “Quem fizer tal como este para o cheirar será eliminado do seu povo” (Êxodo 30:38). Por isso, essa receita específica só era usada no tabernáculo e mais tarde no templo.
(2) O incenso era usado também juntamente com sacrifícios oferecidos a Deus. O Aroma agradável representava uma forma de alegrar o Senhor com aquilo que se estava oferecendo, pois o incenso era algo precioso: “Quando alguma pessoa fizer oferta de manjares ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha; nela, deitará azeite e, sobre ela, porá incenso” (Levítico 2:1). É importante ressaltar que o incenso nessa época era algo extremamente valioso devido à dificuldade para encontrar os ingredientes para sua preparação, que eram muito raros e sua extração na natureza não era simples e muitas vezes os elementos que o compunham tinham de vir de longe, fazendo com que fossem bem caros, daí a preciosidade.
(3) O uso do incenso no tabernáculo e no templo tinha como principal significado atrelado a ele o simbolismo das orações subindo até Deus. Ou seja, a fumaça que saia e ia subindo representava as orações indo até o Senhor: “Suba à tua presença a minha oração, como incenso, e seja o erguer de minhas mãos como oferenda vespertina” (Salmos 141:2). Era um aspecto visível de algo invisível que ocorria, ou seja, Deus ouvia o seu povo.
(4) De fato, o incenso era também usado entre diversas religiões, com propósitos de oferendas a deuses, purificação, retirar energias ruins, enfim, o incenso teve (e tem) seu uso no decorrer dos tempos muito atrelado a religiões idólatras, o que fez dele um símbolo nas épocas mais atuais de algo estranho à fé cristã. Por isso, muitos cristãos têm dúvidas se podem usar esse elemento em suas casas para aromatizar, ficando receosos de estarem cometendo algum tipo de pecado contra Deus. Mas como resolver essa dúvida? Vejamos.
(5) Primeiro, não temos na Bíblia qualquer ordenança para o uso de incensos com fins religiosos após Cristo. Isso significa que se o seu objetivo em usar incensos em casa é com o fim de algum tipo de culto a Deus, está errado, é desnecessário e causa confusão. Segundo, o cristão não deve, em hipótese alguma, usar incensos com objetivos apoiados em crendices e superstições pagãs, como “limpar as energias”, proteger de “mau olhado”, afastar os “espíritos ruins”, etc. Essas coisas não são coerentes a fazer, pois são contrárias aos ensinos bíblicos e à fé cristã. Sendo assim, o único uso possível de incenso para um cristão é no caso do uso ser para aromatizar. Se o foco é apenas aromatizar um ambiente, trazer determinado cheiro a ele, sem qualquer tipo de uso religioso e baseado em crendices, então, não vejo qualquer problema em usar, pois não existe nenhum poder nos elementos que o compõe, são apenas elementos que, quando queimados, liberam aromas.