Você Pergunta: Eu gostaria de entender melhor por que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males? O dinheiro seria, nesse caso, algo ruim, algo que veio do diabo? Como entender isso já que para quase tudo hoje em dia usamos o dinheiro?
Caro leitor, Paulo diz essa frase em 1 Timóteo 6:10: “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”. Observe que o verso começa com “porque”; isso significa que Paulo está dando uma explicação sobre algo que falou antes e que precisamos analisar para compreendermos o real significado de amor do dinheiro é a raiz de todos os males aqui.
(1) Paulo está falando aqui de falsos mestres e suas falsas doutrinas (1 Timóteo 6:3-5). Além das várias más características desses falsos professores, Paulo destaca que Eles estavam usando a fé de forma exploratória para, com manipulações e inverdades (falsas doutrinas), alcançarem lucros para si mesmos: “altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6:5). Paulo critica a atitude deles, principalmente o foco de fazerem tudo com foco nas riquezas que poderiam conseguir: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” (1 Timóteo 6:9).
(2) E é exatamente nesse ponto que Paulo explica porque tal comportamento dessas pessoas é destrutivo (1 Timóteo 6:10). Fazer a obra de Deus com foco em lucro financeiro equivale a amar o dinheiro acima de Deus, o que transforma o dinheiro em um deus para a pessoa. Essa verdade ecoa das palavras de Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mateus 6:24). É por isso que essa atitude se torna a raiz dos males, pois é dela que surgem diversos outros pecados, mas principalmente o abandono da fé no Deus verdadeiro, que é trocado pelo “deus dinheiro”.
(3) Em um sentido mais amplo, o amor ao dinheiro, ainda hoje e em todas as épocas, faz pessoas agirem de forma contrária a vontade de Deus, tomando atitudes que Deus condena para conseguir o tão sonhado lucro. Um exemplo seria a corrupção, que faz pessoas roubarem, dissimularem, matarem e realizarem toda sorte de atos pecaminosos para aumentar sua quantidade de dinheiro e poder. O foco desse texto de Paulo é justamente demonstrar o quão podre o ser humano pode ser quando torna o lucro o fim principal de sua vida, sem se importar com mais nada. E isso em qualquer tempo da história!
(4) É importante frisar que não temos aqui um “amaldiçoamento” do dinheiro. O dinheiro, em si, é neutro. O que se faz com ele e por ele é que indica o que ele representa para a pessoa, se será bênção ou maldição. Por exemplo, a Bíblia aprova o bom uso dos ganhos honestos: “Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus” (Eclesiastes 2:24). Mas, como já vimos nas palavras de Jesus, condena aqueles que tornam o dinheiro um deus e, nas palavras de Paulo demonstradas aqui, mostra que muitos, na forma como encaram o dinheiro, transformam-no em uma fábrica de maldições para o próximo e para si mesmos.
(5) Paulo, na sequência de sua fala, faz questão de aconselhar seu discípulo Timóteo sobre a atitude equilibrada que deveria ter (e que serve para todos nós), que é ficar longe desse tipo de comportamento destrutivo (visto nos falsos mestres) com relação ao dinheiro: “Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (1 Timóteo 6:11). Um servo de Deus que tem como base a retidão irá conseguir encarar o dinheiro de forma equilibrada, de forma que ele seja bênção e não maldição em sua vida e na vida do próximo. Agindo dessa forma, o dinheiro não será amado ao ponto de se tornar a raiz de todos os males!