Você Pergunta: Eu gostaria de entender melhor a expressão “último Adão” que aparece em 1 Coríntios 15:45. Quais seriam as lições que o apóstolo Paulo quer transmitir nessa parte da mensagem? E por que Cristo é comparado com o último Adão?
Caro leitor, nos escritos do apóstolo Paulo temos muita linguagem extremamente rica de significados, que nos ajudam a entender mais detalhadamente os planos de Deus, a forma como Deus fez as coisas acontecerem na história. Evidentemente que acessar esses detalhes em seus pormenores exige de nós um estudo aprofundado, o que faremos a seguir para explicarmos essa linda expressão primeiro Adão e último Adão.
(1) O capítulo 15 de 1ª Coríntios é um capítulo todo dedicado por Paulo para explicar como a vitória de Cristo sobre a morte teve impactos em nossa vida e quais impactos ela ainda exercerá no final dos tempos, ou seja, após a nossa morte e também na segunda vinda de Cristo. Dentro desse contexto que chamamos escatológico (referente as últimas coisas, o fim dos tempos) Paulo está explicando aos seus leitores que haveremos de ter um novo corpo. Um corpo transformado para poder adentrar ao reino de Deus de forma plena. O nosso corpo atual, corrupto (que morre), não pode estar plenamente no reino de Deus, por isso, haverá uma transformação dele, assim como Cristo teve Seu corpo glorificado: “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória” (1 Coríntios 15:42).
(2) Para explicar e dar embasamento ao que está dizendo Paulo recorre ainda a outra explicação: “Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante” (1 Coríntios 15:45). Paulo faz aqui uma citação do texto de Gênesis 2:7, que narra a criação do homem do pó da terra e Deus soprando em suas narinas o fôlego de vida, fazendo o homem ser uma “alma vivente”: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2:7). Além de citar o primeiro homem criado, ganhando vida, o apóstolo Paulo cria uma ligação de Cristo com esse primeiro homem:
(3) Cristo e Adão tem uma íntima ligação. Assim como Adão, Cristo também não teve um pai humano quando se encarnou. Ou seja, Cristo e Adão tem uma característica única, que só os dois tiveram. Adão, porém, falhou em sua missão. Cristo era único que poderia cumprir plenamente a missão que Deus lhe confiou de ser obediente até a morte. Não haveria um “terceiro” Adão disponível. Por isso, Cristo é o último Adão, ou seja, aquele que plenamente cumpriu a vontade de Deus, que foi obediente até a morte, que cumpriu plenamente a vontade do Pai. Podemos pensar que Paulo tinha em mente que se o último Adão (Cristo) falhasse não haveria outro, não haveria mais esperança. Mas Ele não falhou! Esse é o grande foco desse trecho da fala de Paulo.
(4) Tudo isso nos leva, então, a entender como Paulo nos relaciona com Cristo. Assim como Adão nos deu a herança do pecado, agora Cristo, o último Adão, nos deu a herança da salvação, a herança de vencermos a morte como Ele mesmo venceu: “E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (1 Coríntios 15:49). Isso nos mostra a grandeza de Cristo, a grandeza de Sua obra, que superou a condenação do pecado, que superou a derrota humana que veio a partir do primeiro Adão. Ele, como último Adão, abriu o caminho que estava fechado para nós por causa do pecado! Nos deu vida, dai ser chamado de “espírito vivificante” (1 Coríntios 15:45), ou seja, a vida plena e transformadora que vem de Deus para nós através de Jesus! No primeiro Adão a morte veio. No último Adão (Cristo) a vida plena veio!