Você pergunta: Gostaria de entender melhor o que Paulo quis dizer quando disse que temos, porém, este tesouro em vasos de barro? Qual seria esse tesouro que ele menciona e o que seriam esses vasos de barro citados no texto?
Caro leitor, Paulo usa nesse texto que escreveu aos coríntios duas figuras muito usadas na Bíblia, que são o “tesouro” e o “vaso de barro”. Vamos mergulhar juntos no texto e contexto e entender a aplicação que ele quis nos trazer nesse profundo ensino.
(1) Paulo começa o Capítulo 4 de 2 Coríntios falando sobre o ministério que eles (Paulo e seus companheiros) têm, que vem de Deus e que, por isso, eles, mesmo diante de muitas lutas, não desfalecem: “Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos” (2 Coríntios 4:1). Pelo contrário, eles trabalham para que tenham um ministério santo, correto diante de Deus, focado na mensagem do Senhor (2 Coríntios 4:2). Paulo considera que muitos não têm dado ouvidos à mensagem proclamada, não porque ela não esteja sendo manifestada, pregada entre eles, mas porque essas pessoas têm andado pelo caminho do maligno e, por isso, estão distantes da luz (2 Coríntios 4:3-4).
(2) Agora Paulo fala algo importante que nos ajudará a entender sobre os tesouros em vasos de barro: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (2 Coríntios 4:5). Aqui Paulo quer deixar claro suas motivações e o foco de sua mensagem. Note que ele sente a necessidade de mostrar que as pregações realizadas por eles, as mensagens proclamadas (e também seu conteúdo) não são pregações focadas no homem, mas em Cristo. E que a mensagem não é humana, mas vem de Deus. Na sequência, diz: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Coríntios 4:7).
(3) Agora conseguiremos entender melhor o que Paulo quer nos mostrar. Vejamos:
(i) Este tesouro: é o evangelho. É essa a mensagem que é o centro da pregação deles, que tem Cristo como seu conteúdo principal. No verso anterior Paulo falou da ação desse tesouro: “Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2 Coríntios 4:6). Nesse verso vemos como o evangelho age, trazendo luz e transformação, mudando o conhecimento das pessoas sobre Deus através do Senhor Jesus Cristo. De fato Paulo tem razão! Eles carregavam um tesouro inigualável para compartilhar! Alguém poderia pensar: Um tesouro tão grande só poderia ser carregado por um recipiente de igual grandeza e preciosidade! Mas não é bem assim que Paulo enxerga. Vejamos:
(ii) Vasos de barro. São os portadores do evangelho, aqueles que o pregam, que o anunciam. A ideia dessa figura é mostrar a fragilidade humana, sua fraqueza natural em contraste com a grandeza do tesouro que carregam em suas vidas para compartilhar. O barro não é dos materiais mais fortes e nobres para se fazer um objeto para carregar algo de valor! No entanto, o uso da figura mostra exatamente que aquilo que deve ser valorizado é o tesouro que está dentro desses “vasos de barro” e não os vasos em si. O tesouro é maior do que o recipiente! Mas Deus, por Sua graça, faz com que, mesmo os vasos de barro, com toda sua fragilidade, consigam cumprir sua missão de levar tão grande tesouro!
(4) Dessa forma, podemos observar como Paulo e seus companheiros se colocam em posição de humildade diante de Deus e de seus leitores. Tinham sim um tesouro a ser manifestado, o evangelho de Jesus Cristo, mas sabiam de suas limitações, sabiam de seu lugar, sabiam que toda a glória deveria ser dada a Cristo e não a eles (os vasos). Isso nos ajuda a enxergar e entender que qualquer orgulho ou exaltação humana não tem lugar diante do evangelho. O evangelho é um tesouro carregado pelos humildes, por aqueles que reconhecem quem são, sua pequenez, seu estado de total dependência da graça de Deus!