Você Pergunta: Em algumas ocasiões a Bíblia mostra os discípulos de Jesus achando que Ele era um fantasma. Minha dúvida é se os judeus tinham esse tipo de crença a respeito de fantasmas, de espíritos andando aqui nessa terra, como prega o espiritismo. Faça um vídeo explicando sobre isso para nós!
Caro leitor, alguns textos bíblicos são textos que chamamos de descritivos, ou seja, eles descrevem histórias, situações, falas e outras coisas sobre situações ou pessoas, sem trazer juízo de valor objetivo sobre elas.
É o caso desse acontecimento onde os discípulos de Jesus, diante de uma situação que passaram, chegam a achar que aquilo que estavam vendo seria um fantasma. Mas essa descrição feita no texto indica que eles criam em fantasmas, aparições de espíritos de pessoas? Analisemos juntos…
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(1) Jesus mandou que Seus discípulos começassem uma navegação sem Ele, pois Ele se retira para orar sozinho:
“Logo a seguir, compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões” (Mateus 14:22).
Os discípulos fazem isso e o barco se afasta da margem. Porém, Jesus resolve ir até eles só por volta das 4h da manhã, andando sobre as águas (Mateus 14:25).
Agora, forme a cena em sua mente: escuridão total ali no Mar da Galileia. De repente, algum dos apóstolos avista o que parece uma pessoa andando sobre a água, em direção ao barco! Mateus narra assim:
“E os discípulos, ao verem-no andando sobre as águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram” (Mateus 14:26).
(2) A primeira coisa que vamos analisar é a palavra que eles falaram, traduzida na maioria das versões para o português como “fantasma”.
Ali, no grego, temos a palavra “phantasma”, que significa “aparição, fantasma”. Ou seja, aqui eles estavam expressando que estavam vendo algo desconhecido e não um espírito de uma pessoa morta.
Estavam diante de uma aparição de algo desconhecido!Tanto é verdade que não reconheceram que era Jesus!
Isso porque no grego temos uma palavra específica para espírito, que é “pneuma”. Por exemplo, essa palavra é usada neste verso:
“Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes” (Mateus 8:16).
Observe que quando se sabia que se tratava, por exemplo, de espíritos malignos, a palavra usada era “pneuma”.
(3) Isso já nos leva a uma conclusão de que a menção a um fantasma (feita pelos discípulos) não representa uma crença espírita e nem nada nessa linha, já que, se fosse isso, a palavra que usariam seria “pneuma” e eles usaram “phantasma”.
Portanto, os apóstolos estavam vendo algo desconhecido a qual arriscaram denominar ser uma aparição de algo que não sabiam identificar, mas que, claro, causou-lhes medo, espanto! Afinal, não é todo dia que algo andando em meio ao mar escuro vem andando em sua direção!
(4) Mas não podemos negar que pudesse haver alguma crença a respeito disso dentro do coração deles. Talvez pensando em alguma lenda ou mesmo sobre algo do maligno (que não sabiam identificar) tentando lhes fazer mal!
Isso é algo comum ao ser humano. Se algo muito estranho acontece conosco, somos propensos a pensar que seja algo do mal e não algo de Deus. Pense, por exemplo, se o telefone toca no meio da madrugada. Sempre pensamos em algo ruim que deve ter ocorrido!
Se pensassem que aquilo fosse algo de Deus, positivo, bom, certamente não teriam medo! Sendo assim, essa declaração deles cheia de medo parece indicar essa ideia de que seria algo ruim, mas que não sabiam o que era.
Sabemos que existiam divergências entre rabinos sobre a questão de como funcionava essa questão de espíritos e fantasmas. Então, ensinos sobre aparições, fantasmas, podiam ter sido lembrados nesse momento!
Mas, claro, isso é pura suposição. O que temos de real e concreto é a palavra que usaram, que parece mesmo indicar apenas um susto em si diante da situação inusitada; eles tentando entendê-la e não uma indicação de que crescem em algum tipo de espiritismo!
Felizmente, logo Jesus põe fim às dúvidas, revelando-se a eles!